19 de maio de 2014

A febre do álbum da copa

Crianças e adultos se encontram na praça principal de Tremembé para trocar figurinhas do álbum da Copa do Mundo 2014.


Por Alessandra Maria



Nesta época do ano, o clima é fresco naquela praça tão famosa na cidade de Tremembé. A Praça Geraldo Costa, mais conhecida pelos cidadãos como a Praça da Estação, recebe muitos eventos durante o ano como a Festa do Arroz em maio, a Festa junina em junho, a Festa do Senhor Bom Jesus em agosto, O Natal Iluminado em dezembro, entre outras. Mas, hoje, a principal atração da praça é a banca de jornal.

Em volta da pequena banca, aglomerações de pessoas trocam, compram e vendem figurinhas do álbum da Copa do Mundo 2014. Cristiane Vanessa tem três filhos que, juntos, colecionam dois álbuns. A mãe trás os filhos à praça aos finais de semana para tentar completar a coleção. “Esta sendo a minha primeira experiência com figurinhas, e estou até mais empolgada do que meus filhos”, anima-se Cristiane. O filho do meio, Cainan Gomes de 7 anos, adora a brincadeira. “Eu gosto de vim aqui porque tem bastante gente com as figurinhas que eu quero para poder trocar”, conta a criança.



E para quem pensava que trocar figurinhas é brincadeira de criança, está muito enganado. Marcos Vinícius tem 62 anos e também estava na praça procurando as quatro figurinhas que faltavam. “Eu completei o primeiro álbum que lançou esse ano, depois lançaram um com capa dura, eu tive que comprar também”, diz. Marcos é um colecionador, tem todos os álbuns completos desde a Copa de 1950, muitas das pessoas mais velhas que entram nessa febre, são porque colecionam o álbum há muitos anos.

Segundo uma matéria da BBC News, as figurinhas dos jogadores da Copa do Mundo no Brasil são fabricadas na fábrica da Panini (empresa italiana que imprime os álbuns desde a Copa do México, em 1970) em Tamboré, na Grande São Paulo e lá são impressas 40 milhões de figurinhas diariamente. Hoje o álbum comum custa em torno de R$ 5,90, dependendo da região. O álbum com capa dura custa aproximadamente R$ 24,90. Um pacote com cinco cromos custa um real. São 640 figurinhas para completar a coleção, sendo que 40 são metalizadas. E quem fica feliz com tanta gente comprando esses álbuns e cromos é o dono da Banca. Jorge Marcos, 54, é proprietário da Banca Calana na Praça da Estação em Tremembé há 35 anos e adora ano de Copa do Mundo. “Eu acho que chego a faturar 1000% a mais”, brinca. E completa: “Deveriam fazer também álbuns dos campeonatos brasileiros, para termos essa febre mais vezes, e não apenas de 4 em 4 anos”.


Mesmo não sendo dono de banca, também é possível faturar com essas vendas. Foi o que fez o funcionário público Celso Souza, 43. Ele fez um investimento inicial de mil reais e já conseguiu o dobro da quantia em lucro. “Eu comecei para mim, com o meu álbum, foi então que vi todo mundo vendendo e decidi fazer isso também”, explica Celso. Juntando trabalho e diversão, Celso possui uma pasta para organizar melhor suas duas mil figurinhas. Ele vende cada uma a 25 centavos, sendo que as mais difíceis custam um real, as da seleção brasileira custam dois reais, e a mais rara de todas, segundo ele, a do Neymar, que custa três reais.


Na era da internet, uma parceria entre a Panini, FIFA e Coca-cola criou um álbum virtual, para começar a jogar é preciso criar uma conta no Clube Fifa.com. As figurinhas virtuais podem ser adquiridas por meio de códigos presentes nas figurinhas de papel, vendidas nas bancas de jornal. E o jogo, inclusive, ganhou plataforma para Android e IOS. Mas mesmo com tanta tecnologia e acessibilidade, o que faz sucesso mesmo é a troca pessoal, levar os filhos e encontrar os amigos num domingo de manhã, para trocar figurinhas na praça principal no centro da cidade.


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