12 de novembro de 2014

Lágrimas de uma mãe qualquer

Eu cheguei com um sorriso, mas ao olhar para seu rosto já vi que havia algo errado. Era o rosto de uma mãe, da Dona Ana.
Ana é daquelas mães que dão a vida por seus filhos. Tira da própria boca pra dar pras crianças. Não viaja, não passeia, não curte a vida. Sua função é garantir um futuro melhor para os filhos.
Lágrimas começaram a brotar em seus olhos e eu me espantei. Palavras e mais palavras, desabafos. Ana estava a beira da depressão. Depressão não é tristeza, e sim a falta de esperança.
Ela tinha feito uma drástica descoberta naquele dia: a de que seu filho era usuário de drogas. Encontrou a droga dentro de sua própria casa e o filho foi obrigado a confessar. Seu mundo se despedaçou. Nada fazia sentido. Escuridão. Dúvidas. Medos. Mas mesmo assim, amor. E a grande questão era: Por que?
  - Sou uma boa mãe, sempre dei tudo, fiz de tudo por eles, como ele faz isso comigo?
Dizia Ana aos prantos. Até então eu nunca tinha visto de perto o efeito das drogas. Elas não fazem mau apenas ao corpo, não é só o físico que afeta, o psicológico é o que mais sofre. E o usuário não sofre sozinho, a família toda sofre junto.
Eu queria apenas que esse filho ouvisse o que eu ouvi da mãe dele. Eu queria que esse filho visse as lágrimas derramadas. Filhos nunca estão satisfeitos porque não entendem como funciona o mundo. As coisas não são fáceis para ninguém.
Mãe, me ajuda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário